Stand Up Comedy



Stand Up Comedy
8 de Novembro, 23h
Umbar, Estoril

Rúben Branco convida:
Jorge André Catarino
Miguel Neves


Pastilhas

Dizem que faz mal engolir pastilhas. É verdade. Ainda há dias engoli uma pastilha e agora sempre que me quero peidar faço balões.

Poderes sobrenaturais

Eu tenho poderes sobrenaturais.
A prova: consigo sempre fazer com que o passe da pessoa que vai à minha frente na cancela do metro deixe subitamente de funcionar. Resulta sempre.

Stand Up Comedy













"Make Me Rich, Biiitche!"
Open Mic de Stand Up Comedy
21 de Outubro, 21h30
Malt Bar

Comediantes:
Filipa Mota
Gil Prazeres
Rafael Almeida
Jorge André Catarino

MC:
Ruben Branco

Os computadores são de Vénus e as pen de Marte

A tecnologia está a mudar o nosso dia-a-dia, inclusivamente os nossos relacionamentos amorosos. Mas acredito que o contrário também possa ser verdade, há muito de humano na forma como a tecnologia se relaciona. 

Eu só posso imaginar que para um computador ser penetrado por uma pen USB não deva ser uma experiência agradável. Pomos a pen e o computador começa literalmente a contar o tempo que falta até terminar a operação: “Faltam 3 minutos e 52 segundos”. 

Outras vezes, o computador precisa saber antes se a pen tem vírus. E é muito útil, porque se tiver vírus, muitos dos computadores fazem logo a limpeza. É como ir para a cama com uma enfermeira que tem já uma injecção de penicilina preparada. 

No mundo electrónico não há lugar a preliminares. Não há uma carícia, um miminho, um afecto, enfiamos logo a pen sem avisar. E claro, a pen nunca entra à primeira: primeiro tentamos enfiá-la no buraco errado, e depois quando finalmente acertamos no buraco, metemo-la ao contrário. Os computadores têm critérios, são selectivos e gostam de verificar por onde é que a pen andou, e estão sempre prontas a corrigi-la. O facto de os computadores terem as entradas permite-lhes ser picuinhas na hora de escolher as pen, e não aceitam qualquer uma. Não deve haver coisa mais humilhante para uma pen que entrar num computador e o computador não dar por nada. A pen entra toda direitinha e confiante, e depois o computador não a reconhece. Volta a tentar e nada. “Dispositivo não reconhecido, tente novamente”. Mas justifica-se que o computador seja assim, pois sabe que as pen não são esquisitas, são capazes de entrar em qualquer coisa; de modelos mais velhos aos computadores mais recentes, o importante para a pen é que tenham buraco. 

As pen e os computadores têm ritmos muito diferentes. Uma pen pode retirada sem aviso prévio, mas o computador não fica contente. Quando a pen se despacha demasiado rápido o computador fica tão frustrado que faz um som desagradável e protesta: “o seu dispositivo foi removido sem autorização”. Como qualquer um, o computador gosta que esperem por si, até que ele finalmente se sinta satisfeito, e possa autorizar a remoção da pen: “O dispositivo pode agora ser removido”. E esse é o final perfeito, estão ambos saciados e podem seguir o seu caminho. 

Há também aqueles que nunca mais foram os mesmos depois de andarem metidos com o computador ou pen errados. Para esses, tal como as pessoas, o melhor é mesmo formatar e começar de novo.

Jogos Paralímpicos para deficientes da fala

De todas as deficiências, a deficiência da fala é sem dúvida a mais discriminada. 
Ao contrário dos meninos bonitos das cadeira de rodas, que vivem à grande e só conhecem a boa vida dos lugares reservados no estacionamento, rampas de acesso, casas de banho e de uns Jogos Olímpicos só para eles, nós, os deficientes da fala, não temos direito a nada. Para parar com esta injustiça, proponho a inclusão dos Deficientes da Fala nos Jogos Paralímpicos. 

Tal como as actuais modalidades paralímpicas, tratar-se-ia de um conjunto de provas especialmente concebidas tendo em conta as limitações do atleta, sendo verdadeiros incentivos à superação humana. Ou seja, basicamente é pôr-nos a dizer palavras complicadas. 

Assim, as pessoas que trocam os erres pelos guês podem participar nas provas de barreiras, tentando superar difíceis obstáculos como são dizer “prerrogativa” ou “corroborar”. Os sopinhas de massa são perfeitos para as modalidades do lançamento do perdigoto e tiro ao alvo. No entanto, dada a quantidade de gafanhotos que lançam, é altamente desaconselhado que sejam sopinhas de massa a transportar a tocha olímpica. Para os gagos, a prova rainha: a Maratona. Tal como para a maioria das pessoas que corre a maratona, para um gago chegar ao fim da palavra é já uma vitória. Um gago que consiga acabar a palavra “Oftalmotorrinolaringologista” ou “Inconstitucionalissimamente” tem tanto valor e merece tanta admiração como um queniano que vença a corrida de São Silvestre. Além de que fazem tempos semelhantes. 

Finalmente, o Pentatlo, uma prova especialmente pensada para todos aqueles que são fanhosos, sopinhas de massa, não dizem os éles, trocam os erres pelos guês e ainda gaguejam. Tal como o Pentatlo Moderno, este pentatlo tem 5 provas, que consistem em ter o deficiente da fala a tentar dizer as cinco modalidades do Pentatlo Moderno. É uma modalidade duríssima em resistência e perícia, e que muito provavelmente vai ligar os Jogos de Verão aos Jogos de Inverno, pois ter “Natação”, “Hipismo”, “Ciclismo”, “Tiro” e “Corrida” ditas por um tipo que é fanhoso, gago, cicioso, que troque os erres pelos guês e não diga os éles, é coisa para começar no Verão e terminar depois do Natal.

Hashtags

A Internet está a mudar a maneira como comunicamos. Hoje em dia qualquer mensagem ou publicação tem de ter hashtag. Eu decidi que quando morrer o meu obituário também vai ter hashtags
Como não sou católico, em vez da cruz preta, o meu obituário vai ter outro símbolo; um símbolo verdadeiramente universal, que apela a todas as raças, credos e religiões: um Smiley triste. Depois, em baixo, estará: 
FALECEU: Jorge André Catarino 
#morte 
#eterna saudade de sua mulher e filhos 
#2soon 
@Cemitério dos Prazeres

Finalmente posso ser ainda mais específico quanto à causa da morte: 
#ataquecardíaco
#Citröen, se morrer atropelado; 
#Lisbonlovers, se morrer atropelado por um Tuk-Tuk; 
Ou então #metoo, se morrer atropelado por uma feminista.

Lava-loiças

O meu lava-loiça parece um lar de idosos, porque a partir do momento em que o pessoal abandona lá os pratos, nunca mais ninguém quer saber deles.

Natação

Estou a aprender a nadar. Inscrevi-me há uns meses na natação e estou a fazer progressos. A prova que já estou a nadar como um golfinho é que no outro dia ia morrendo engasgado com uma palhinha.

Eutanásia

Fiz ontem anos. Graças à AR pude celebrar o facto de ficar mais velho sem ter de me preocupar com a eutanásia.

Esparregado

Esparregado é uma comida que deve confundir vegetarianos. Não é carne, e mesmo assim parece que saiu directamente de um animal.

Canários

Os meus canários são tratados como merecem: como criaturas pequenas e pouco inteligentes, cujo grau de apreço por mim depende da quantidade de comida que lhes dou. Ou seja, é como se fossem meus filhos

Confissões de um portador de caspa

Se tivesse que me definir enquanto pessoa diria que, essencialmente, sou anti-caspa. Tenho caspa desde que me conheço. Apenas posso imaginar o quão feliz e sem caspa eu terei sido antes de me ter conhecido. Tenho tanta caspa que às vezes sinto que, em vez de couro cabeludo, tenho massa folhada na cabeça. O que é chato para alguém não gosta de salgados. 

Todos os dias o meu escalpe lança para a atmosfera milhares de flocos de caspa, alguns tão grandes que mais parecem bases para piza, e outros tão pequenos que mal dariam para albergar a população do Luxemburgo. No entanto, todos os relatos de avistamentos de OVNIs junto do meu cabelo provaram-se mais tarde serem falsos. A explicação oficial é de que nunca se encontrou indícios de vida inteligente na minha cabeça. 

No entanto, não seria de espantar se fossem mesmo mesmo OVNIs. Quando uso roupa escura é extremamente fácil confundir as minhas costas com a via Láctea numa noite de céu limpo, e extremamente difícil (mas não impossível) confundi-las com um mapa de Linda-a-Velha. Que é um sítio, como se sabe, que os OVNIs não costumam frequentar. 

O nome clínico da caspa é dermatite seborreica, que além de soar a um palavrão em romeno, só pode ser mal intencionado. Dermatite seborreica é um nome com o charme e sofisticação comparáveis ao som que se faz quando se tem comichão no céu da boca. São duas palavras que ficam melhor quando são escritas por disléxicos e que nos fazem lembrar que o síndrome de Tourette também afecta a classe médica. 

As doenças deviam ter nomes mais agradáveis. Se os sintomas já chegam para desanimar uma pessoa, então quando se descobre o nome da doença é muito fácil pensar-se em suicídio (não no nosso, mas no de outra pessoa). Quando descobri que a minha doença se chamava dermatite seborreica, tentei subornar um hemofílico a fim de trocarmos de diagnóstico. Infelizmente, o hemofílico enganou-me e acabei com uma infecção urinária. Isto para dizer que quem inventa os nomes das doenças devia pensar um bocadinho nas pessoas que delas padecem. Isso e ser proibido de se aproximar da Conservatória do Registo Civil. Caso contrário, ainda acabamos com crianças chamadas Sífilis, Bruna, Hepatite, ou Esmegma. E com a certeza que dali vai sair um ser humano perturbado, que provavelmente não faz a reciclagem, e que quando crescer vai mudar o nome para Infecção Urinária (que ainda assim dói menos que Jéssica). 

Voltando à minha caspa. Embora reconheça a sua diversidade de formas, apresenta no entanto grandes falhas ao nível de interesse estético. Não produz nada que se aproxime de um quadro do Picasso. O que é pena, porque desde criança que sou extremamente sensível à arte abstracta (por exemplo, Miró causa-me urticária). 

Também é inútil procurar consolo na religião, porque a caspa é uma doença esquecida por Deus. Cristo foi muito solícito quando se tratava de curar cegos e leprosos, mas não mexeu uma palha pelos que tinham caspa. O que suspeitar não só que cegos e leprosos são meninos-queridos do Senhor, como também que Cristo - o filho de Deus, recordo - não percebia nada de dermatologia, o que é pouco prestigiante para a Igreja, que é uma instituição idónea e com elevadíssimos padrões ao nível dos cuidados com a pele. A caspa carece ainda de santo protector. O candidato mais próximo seria São Bartolomeu, que foi um sujeito que foi esfolado vivo, e acabou por largar mais mais pele que a Lili Caneças em operações plásticas. Lembre-se que, entre outras coisas, este indivíduo é santo padroeiro dos fazedores de cintos. O que basicamente é ser a favor da violência doméstica. 

Todas as doenças têm o respectivo dia internacional, mas não a caspa. Caso existisse Dia Mundial da Luta contra a Caspa, acredito que, em vez de porem um laço ao peito, as pessoas iriam mostrar o seu apoio com um laço nos ombros. E passavam o dia inteiro a sacudi-lo. 

40% da população Mundial tem caspa. Isto significa que somos mais de 3 biliões de pessoas a sofrer do mesmo. Isto é mais gente do que a população da China e da Índia se juntassem ao sindicato dos trabalhadores do Metro de Lisboa. 3 biliões são, ainda assim, insuficientes para alarmar para a comunidade científica, entretida com vírus, epidemias e outras calamidades que não envolvem comichão no escalpe. Prioridades no mínimo questionáveis. E se é verdade que há crianças a morrer de fome em África, o que é muito triste, sem dúvida, também nunca vi nenhuma a sacudir caspa dos ombros. 

Finalmente, quando se fala de caspa é obrigatório falar-se de champô. Sou um grande consumidor de champôs para a caspa (nunca se for conduzir depois). Nos meus anos de experiência posso afirmar que os champôs anti-caspa estão para a caspa como uma uma bota está para uma salada de frutas: não está ali a fazer nada. Os anúncios de champôs mostram o couro cabeludo como uma espécie de pinhal de cabelos em péssimo estado, mais finos que um etíope guloso, e mais escamados que uma cebola com um escaldão. A acção do champô ocorre sob a forma de um tsunami que opera uma limpeza digna de genocídio. Depois os fios de cabelo surgem agora livres de caspa, além de gordos e saudáveis como lombrigas. 

Infelizmente, comigo isso não acontece. Caso tivesse piolhos, a minha cabeça seria uma habitação social em condições degradantes (a menos que os piolhos em causa sejam apreciadores de soalho fluante, nesse caso ignore a frase anterior). Os anúncios de champôs afirmam 99,9 % de eficácia contra a caspa, o que só pode ser interpretado como um esforço pouco sério dos laboratórios de champô, incapazes de dar o 0,1% que falta. Aceitar comprar um champô anti-caspa com 99,9% de eficácia faz tanto sentido como ir a um restaurante que anuncie ter comida 99,9% livre fezes. Aquele 0,1% que falta provavelmente vai fazer-me pensar duas vezes antes de encomendar esparregado.



Stand de automóveis

Vou abrir um stand para automóveis deprimidos. Vai chamar-se Auto-estima.

Dia dos namorados

Na maior parte do mundo o dia dos namorados é comemorado a 14 de Fevereiro. Em casa do Édipo é no primeiro domingo de Maio.