Poderes sobrenaturais

Eu tenho poderes sobrenaturais.
A prova: consigo sempre fazer com que o passe da pessoa que vai à minha frente na cancela do metro deixe subitamente de funcionar. Resulta sempre.

Stand Up Comedy













"Make Me Rich, Biiitche!"
Open Mic de Stand Up Comedy
21 de Outubro, 21h30
Malt Bar

Comediantes:
Filipa Mota
Gil Prazeres
Rafael Almeida
Jorge André Catarino

MC:
Ruben Branco

Os computadores são de Vénus e as pen de Marte

A tecnologia está a mudar o nosso dia-a-dia, inclusivamente os nossos relacionamentos amorosos. Mas acredito que o contrário também possa ser verdade, há muito de humano na forma como a tecnologia se relaciona. 

Eu só posso imaginar que para um computador ser penetrado por uma pen USB não deva ser uma experiência agradável. Pomos a pen e o computador começa literalmente a contar o tempo que falta até terminar a operação: “Faltam 3 minutos e 52 segundos”. 

Outras vezes, o computador precisa saber antes se a pen tem vírus. E é muito útil, porque se tiver vírus, muitos dos computadores fazem logo a limpeza. É como ir para a cama com uma enfermeira que tem já uma injecção de penicilina preparada. 

No mundo electrónico não há lugar a preliminares. Não há uma carícia, um miminho, um afecto, enfiamos logo a pen sem avisar. E claro, a pen nunca entra à primeira: primeiro tentamos enfiá-la no buraco errado, e depois quando finalmente acertamos no buraco, metemo-la ao contrário. Os computadores têm critérios, são selectivos e gostam de verificar por onde é que a pen andou, e estão sempre prontas a corrigi-la. O facto de os computadores terem as entradas permite-lhes ser picuinhas na hora de escolher as pen, e não aceitam qualquer uma. Não deve haver coisa mais humilhante para uma pen que entrar num computador e o computador não dar por nada. A pen entra toda direitinha e confiante, e depois o computador não a reconhece. Volta a tentar e nada. “Dispositivo não reconhecido, tente novamente”. Mas justifica-se que o computador seja assim, pois sabe que as pen não são esquisitas, são capazes de entrar em qualquer coisa; de modelos mais velhos aos computadores mais recentes, o importante para a pen é que tenham buraco. 

As pen e os computadores têm ritmos muito diferentes. Uma pen pode retirada sem aviso prévio, mas o computador não fica contente. Quando a pen se despacha demasiado rápido o computador fica tão frustrado que faz um som desagradável e protesta: “o seu dispositivo foi removido sem autorização”. Como qualquer um, o computador gosta que esperem por si, até que ele finalmente se sinta satisfeito, e possa autorizar a remoção da pen: “O dispositivo pode agora ser removido”. E esse é o final perfeito, estão ambos saciados e podem seguir o seu caminho. 

Há também aqueles que nunca mais foram os mesmos depois de andarem metidos com o computador ou pen errados. Para esses, tal como as pessoas, o melhor é mesmo formatar e começar de novo.

Jogos Paralímpicos para deficientes da fala

De todas as deficiências, a deficiência da fala é sem dúvida a mais discriminada. 
Ao contrário dos meninos bonitos das cadeira de rodas, que vivem à grande e só conhecem a boa vida dos lugares reservados no estacionamento, rampas de acesso, casas de banho e de uns Jogos Olímpicos só para eles, nós, os deficientes da fala, não temos direito a nada. Para parar com esta injustiça, proponho a inclusão dos Deficientes da Fala nos Jogos Paralímpicos. 

Tal como as actuais modalidades paralímpicas, tratar-se-ia de um conjunto de provas especialmente concebidas tendo em conta as limitações do atleta, sendo verdadeiros incentivos à superação humana. Ou seja, basicamente é pôr-nos a dizer palavras complicadas. 

Assim, as pessoas que trocam os erres pelos guês podem participar nas provas de barreiras, tentando superar difíceis obstáculos como são dizer “prerrogativa” ou “corroborar”. Os sopinhas de massa são perfeitos para as modalidades do lançamento do perdigoto e tiro ao alvo. No entanto, dada a quantidade de gafanhotos que lançam, é altamente desaconselhado que sejam sopinhas de massa a transportar a tocha olímpica. Para os gagos, a prova rainha: a Maratona. Tal como para a maioria das pessoas que corre a maratona, para um gago chegar ao fim da palavra é já uma vitória. Um gago que consiga acabar a palavra “Oftalmotorrinolaringologista” ou “Inconstitucionalissimamente” tem tanto valor e merece tanta admiração como um queniano que vença a corrida de São Silvestre. Além de que fazem tempos semelhantes. 

Finalmente, o Pentatlo, uma prova especialmente pensada para todos aqueles que são fanhosos, sopinhas de massa, não dizem os éles, trocam os erres pelos guês e ainda gaguejam. Tal como o Pentatlo Moderno, este pentatlo tem 5 provas, que consistem em ter o deficiente da fala a tentar dizer as cinco modalidades do Pentatlo Moderno. É uma modalidade duríssima em resistência e perícia, e que muito provavelmente vai ligar os Jogos de Verão aos Jogos de Inverno, pois ter “Natação”, “Hipismo”, “Ciclismo”, “Tiro” e “Corrida” ditas por um tipo que é fanhoso, gago, cicioso, que troque os erres pelos guês e não diga os éles, é coisa para começar no Verão e terminar depois do Natal.

Hashtags

A Internet está a mudar a maneira como comunicamos. Hoje em dia qualquer mensagem ou publicação tem de ter hashtag. Eu decidi que quando morrer o meu obituário também vai ter hashtags
Como não sou católico, em vez da cruz preta, o meu obituário vai ter outro símbolo; um símbolo verdadeiramente universal, que apela a todas as raças, credos e religiões: um Smiley triste. Depois, em baixo, estará: 
FALECEU: Jorge André Catarino 
#morte 
#eterna saudade de sua mulher e filhos 
#2soon 
@Cemitério dos Prazeres

Finalmente posso ser ainda mais específico quanto à causa da morte: 
#ataquecardíaco
#Citröen, se morrer atropelado; 
#Lisbonlovers, se morrer atropelado por um Tuk-Tuk; 
Ou então #metoo, se morrer atropelado por uma feminista.