Princesa Diana

Hoje faz 20 anos que morreu a Princesa Diana. 
Toda a gente se lembra onde estava durante o 25 de Abril, ou na queda do muro de Berlim, ou quando Santana Lopes anunciou Paulo Portas como Ministro dos Assuntos do Mar. Por exemplo, eu lembro-me o perfeitamente do dia da morte de Diana, e pelo sim pelo não, vendi o Fiat Uno branco. Na altura enviei os meus pêsames à família real, mas não sei o que fizeram com eles, pois até hoje ainda não mos devolveram. 

No funeral da Princesa Diana, o Elton John fez uma cover dele próprio e cantou a música "Candle in the wind", o que não foi mau, mas podia muito bem ter cantado qualquer uma dos Crash Test Dummies. Elton John cantou no funeral de Diana semanas depois de terem estado juntos ao funeral de Gianni Versace. O ícone do mundo da moda foi morto pelo seu amante 20 anos mais novo. Uma espécie de Carlos Castro mas com abertura fácil. Na altura da sua morte, Diana era a mulher mais fotografada do Mundo. A Princesa Diana era tão famosa que em Angola houve quem desse a perna esquerda para a poder conhecer. 

Aquando da sua separação do Príncipe Carlos, Diana afirmou que havia três pessoas no casamento, referindo-se a Camila Parker-Bowles, uma mulher que tanto consegue ficar bem de vestido como de burka. Na mesma entrevista, a Princesa Diana admitiu que também foi infiel ao Príncipe Carlos. Aliás, no funeral, o Príncipe Carlos passou o tempo todo a tentar evitar um grupo de forcados amadores do Montijo. 

Desde 1997 muita coisa mudou. A capital do Cazaquistão mudou de Almaty para Astana, mas infelizmente o nome do país ficou igual. O Rei Juan Carlos abdicou do trono do trono de Espanha para se poder dedicar à sua grande paixão, o adultério. Foi sucedido pelo filho, Rei Filipe VI de Espanha (V de Portugal). 

Em 1997 o líder norte-coreano, Kim Jong-un tinha 14 anos e ainda não tinha aquele problema no cabelo. Soube-se esta semana que o querido líder - pois também vai a casa remodelar a saúde das pessoas - foi pai. Consta que já vai no terceiro filho, um por cada Guerra Mundial. O parto foi um momento especial e íntimo presenciado por mil e quatrocentos dos oficiais norte-coreanos mais próximos do casal. A criança nasceu com 3,300 kg, perfeitamente dentro da média para um norte-coreano adulto. A mãe da criança, e primeira dama da Coreia do Norte, chama-se Ri Sol-ju. Infelizmente Ri Sol é um nome pouco apreciado na Coreia do Norte, que é um país onde há pouco camarão. 

No futebol, em 1997 o Ruben Neves ainda não era nascido e o Renato Sanches ainda não sabia dizer banco em alemão. A selecção portuguesa contava com estrelas como Luís Figo, Rui Costa ou Carlos Secretário, que era quem escrevia a actas. O jogador mais caro do Mundo chamava-se Denilson, e o mais barato chamava-se Quim Berto e era lateral-direito do Sporting. O lateral-direito do Benfica chamava-se José Sousa, e ambos tinham um segundo emprego na lota. Ricardo Sá Pinto, em excelente momento de forma, enfiava duas batatas no seleccionador nacional Artur Jorge, ainda assim insuficientes para garantir o apuramento para o Mundial 1998. E finalmente, em 1997 Eusébio ainda era vivo, mas já estava conservado em álcool. 

Regresso às aulas está aí, e parece-me o pretexto ideal para uma bonita homenagem à Princesa Diana na forma de uma linha de material escolar. Por exemplo, com um estojo em forma de caixão ou um pisa papéis em forma de Mercedes.

O Al Andaluz (ou Península Ibérica para aqueles nascidos depois de 1492)

Foi uma semana repleta de acontecimentos improváveis. Houve eleições em Angola, um eclipse no Sol e um Sporting na Liga dos Campeões. Cheira-me que há mão do General Nhaga nisto. 

O mentor do atentado de Barcelona fez-se explodir acidentalmente em casa na véspera do atentado. Para já está afastada a tese de "Querido Mudei a Casa". Fazer-se explodir antes do grande atentado, deve ser o pior pesadelo de um bombista. Isso e não caber no cinto de explosivos por ter uns quilinhos a mais. No entanto, para manter a linha, não poder comer porco é já uma grande ajuda. De todo o modo, Abdelbaki Es Satty prova-nos que, quando se é bombista, é possível perder peso, rapidamente e sem sair de casa. 

A grande questão é: será que ele continua a poder receber as 72 virgens ou tem apenas direito a prémio de participação? (por exemplo, um cheque brinde em Tancos). 

Julgo que o terrorismo começa logo pelo nome. Nomes como Abouyaaqoub ou Abu Bakr são um verdadeiro atropelo à língua. Fico logo com vontade de rezar em hashtag. Eu nunca me juntaria ao Estado Islâmico, mas por razões estéticas. Por muito que admire o visual Adriano Correia de Oliveira em férias, nunca me iria habituar a usar a barba em forma de babete. 

Uma das pretensões do Estado Islâmico é recuperar o Al Andaluz, ou Península Ibérica para os mais novos, sobretudo aqueles nascidos depois de 1492. Confesso que Andaluz é um nome que fica no ouvido, e até parece que estamos a dar ordens a uma lâmpada, mas alguém devia dizer aos terroristas que viver Lisboa está impossível para quem subsiste com um salário de jihadista. Acho fofinho tratarem-nos pelo nome que ninguém nos chama desde o século oitavo. É como quando a nossa mãe nos trata pela alcunha que tínhamos em pequenos, ou quando se diz Lourenço Marques em vez de Maputo, Checoslováquia em vez de República Checa, ou Serviço Nacional de Saúde em vez de "Tire a senha que nós chamamos quando morrer". Bem sei que não se negoceia com terroristas, mas não vinha mal ao mundo se lhes déssemos Albufeira ou o bairro do Zambujal, ou lhes arrendássemos as nossas florestas durante o Verão. Pior não faziam. 

Reivindicar a Península Ibérica, chama-se a isto sonhar baixo. É ter fantasias com a Maria Vieira, quando se pode imaginar na cama com um tractor. Agradecemos o interesse, mas já temos isto apalavrado a um casal de brasileiros, e não aceitamos lições em como destruir o nosso património cultural. Fazêmo-lo muito bem sozinhos. E também já temos a nossa bandeira feia, obrigado.

Entretanto, foi encontrado um pacote suspeito nas imediações da Casa Branca. Vejo notícias há muitos anos e pelo que percebo - o Nuno Rogeiro que me corrija se estiver enganado - há todo um sector do terrorismo especializado em fazer pacotes e embrulhos suspeitos. Se o terrorismo não der certo, os jihadistas podem sempre ir trabalhar para o shopping. 

Mudando para assuntos sérios, o Fábio Coentrão disse que andam a pôr em causa o seu bom nome. O que ninguém lhe disse é que Coentrão não é um bom nome em lugar algum do mundo. E por falar nomes de desenhos animados, o Yannick Djaló está de regresso a Portugal. A conservatória do registo civil já foi colocado em alerta laranja. 

Ainda em matéria de terror, a Sinnéad O'Connor, que está mais pesada que a consciência da Constança Urbano de Sousa, está indecisa entre o suicídio e ir para a cama com o Russel Brand. O Russel Brand é que não tem dúvidas e já comprou a corda para se pendurar. É o que qualquer homem no seu perfeito juízo faria. Mas isso a Sinnéad O'Connor já deve estar careca de saber.


Nomes das ruas

Eu gosto do facto de, se pronunciar o nome das ruas com a entoação certa, sentir que estou a expulsar um figura histórica lá de casa. "Rua, Elias Garcia!"

O stress pós-traumático dos Festivais de Verão

Voltar de um festival de Verão é como regressar da guerra. Acordamos suados de noite, com flashbacks dos concertos, e ouvir música despoleta em nós o gesto reflexo de colocar a mão ao alto e acender um isqueiro. O mundo parece igual, nós é que voltamos diferentes. A pulseira é a prova da bravura em combate, e mantém-se no pulso até começar a ser absorvida pela nossa pele e se tornar uma tatuagem: pode dizer "Vilar Mouros" ou "Festival do Panda", mas bem que podia dizer "Guiné 1969". Tal como na guerra, os festivais de Verão levam milhares de jovens a abandonar as suas casas, rumo a alguns dos locais mais remotos do território português (ou seja, tudo o que fique a 1 hora de distância de Lisboa ou do Porto). Em termos musicais, um festival de verão é mais desconfortável que aquela cena da "Laranja Mecânica" e faz bem mais vítimas que um concerto da Ariana Grande. 

O regresso à rotina depois de um festival pode ser difícil, e há aspectos da vida quotidiana de que já não nos lembrávamos que existiam: 


1) Qualquer forma de habitação é mais digna que uma tenda. Acampar é basicamente viver num saco do pão com uma ventilação indigna dos chuveiros de Auschwitz, e que tem uma braguilha como porta de casa. Acampar voluntariamente é assumir que é não ter aprendido nada com os três porquinhos, e aceitar viver em condições mais precárias que o Ferrão da Rua Sésamo. E se nem todas as tendas são à prova de água ou do frio, garantidamente todas são à prova de conforto. Prova disso é aquela fatia de fiambre a que alguns masoquistas chamam de "colchão". O único colchão que existe no acto de acampar somos nós, num acto de caridade para com as pedrinhas do chão. Acampar é basicamente submeter-se de uma forma muito lenta de lapidação. Se alguma vez acampasse, a Princesa Ervilha saía de lá mais negra que um filho da Madonna. Depois de uma semana acampar as nossas costas ficam num estado digno do papel principal da "Paixão de Cristo", e tão ásperas que podem ser usadas como lixa em pequenos trabalhos de construção civil. 


2) Fazer as necessidades sentado é talvez a conquista mais importante da Humanidade, a seguir à ida do cão à Lua, à invenção da uva sem grainhas, e à descoberta que cortar as unhas muito rente aumenta consideravelmente o risco de comichão na ponta do nariz. Quando se volta de um Festival, a ida à casa de banho deixa de ser um incómodo, para voltar a ser o ponto alto do nosso dia. O melhor presente que podemos dar às nossas nádegas, se formos esse género de pessoa, é ser uma espécie de Henrique Mendes e promover um encontro com esse velho amigo que é o tampo lá de casa. A nádega é talvez a parte mais sensível do corpo humano. A prova disso é que um ser humano é capaz de suportar dores terríveis, todo o tipo de tortura física e psicológica, mas nunca o incómodo de sentir a etiqueta das cuecas a roçar-se no rabo. 


3) Existe uma coisa chamada higiene pessoal, e não se chama "pessoal" porque é feita à frente de todo o pessoal. É natural que nas primeiras vezes que for à casa de banho depois de regressar de um festival se sinta um pouco sozinho, mas calma. Ainda é cedo para contactar um psicólogo ou um bruxo senegalês, há-de acabar por voltar a habituar-se. Num período de transição, pode-se eventualmente convidar um amigo para apoio (mas é provável que não permaneça amigo durante muito mais tempo). E entretanto, aos poucos, o rolo de papel higiénico deixa de ser aquele acessório que segue connosco para todo o lado, como a cápsula de cianeto para um nazi, ou uma pele humana, no caso da Lili Caneças. 

4) Existem outros grupos alimentares que não os enlatados. O atum está para os Festivais de Verão como a sardinha está para os Santos Populares, o bacalhau para o Natal, e as criancinhas para o pequeno-almoço dos comunistas. Ao regressarmos de um festival, lembramo-nos que existem outras formas de preparação da comida para além de puxar a anilha e deixar escorrer o líquido. Recordamo-nos ainda que existem utensílios próprios para abrir as garrafas. Durante um festival toda a gente se transforma num MacGyver da cervejas: desde um tampão, passando por uma mortalha ou um bebé, qualquer objecto é um bom para saca-rolhas. Outras epifanias incluem a descoberta de que "ganza" não é, cientificamente falando, uma camada da atmosfera, e de que existe um líquido que ocupa 70% do planeta, e às vezes cai do céu, e não se chama cerveja. Se o Antigo Testamento tivesse sido escrito durante um festival de verão, o Dilúvio tinha sido de cerveja, e o Noé o primeiro a atirar-se borda fora. 

5) Aquilo a que os civis chamam "uma noite de sono". Os especialistas recomendam que o ser humano durma, e, espante-se, por períodos de algumas horas. Dormir durante um festival é como o Pai Natal, planeamento florestal em Portugal ou uma feijoada na Etiópia: são coisas que simplesmente não existem. A única forma de uma pessoa conseguir fechar os olhos e descansar, só mesmo se for declarada morta. Se chegou a este estado, está física e psicologicamente preparado para ser o figurante mais credível de uma matilha de zombies do "Walking Dead". 

6) Nem todos os cães do mundo têm pessoas de rastas do outro lado da trela, armadas com jambés e com mais furos na cara que um queijo suíço com acne. Admite-se que as rastas sejam uma solução capilar interessante, sobretudo para quem precise de esfregão para a loiça (nesse caso, recomenda-se uma rasta verde para o esfregão, e outra amarela para servir de esponja; assim não só se lava a loiça como também o cabelo). Há, no entanto, perigos associados às rastas. Por exemplo, pessoas com rastas que sejam muito altas não podem ficar muito tempo paradas no mesmo sítio, sob o risco de se tornarem um T0 para cegonhas. Contudo, não deixa de ser irónico que, apesar de boa parte das pessoas que usa rastas ser vegetariana, a sua cabeça lhes dê a camuflagem perfeita num fumeiro.