Monólogo final da Última Ceia (30 Abril 2011)

Fez ontem um ano que começámos a Última Ceia.
Agora, 12 meses passados, 366 dias depois, sinto que tivemos um ano duro. Não tão duro como o Carlos Cruz quando entra no Toys’R’Us é certo, mas ainda assim um ano que não foi fácil. Reflicto sobre o caminho que percorremos e não posso deixar de reparar que este programa teve semelhanças notáveis com o meu pénis: foi curto, de feitio estranho e com um final precoce.
Apesar de tudo, a Última Ceia teve grandes momentos. Infelizmente nenhum deles foi para o ar, mas ainda assim…

Queria agradecer aos nossos espectadores. A todos aí em casa, que vêem a Última Ceia enquanto esperam que comece o Rancho das Coelhinhas, e a todos que me acompanham no estúdio. Sim, a todos os quatro… Perdão, três… acho que aquele velhinho está morto.
Tudo o que eu quis foi trazer-vos felicidade. A mesma felicidade que vejo estampada no sorriso de umacriança palestiniana quando recebe o seu primeiro cinto de explosivos.
Queria ainda deixar uma palavra a toda a produção da Última Ceia, desde os operadores de câmara, passando pelos maquilhadores e argumentistas. Tenho a certeza que sem vocês a Última Ceia teria sido um programa bem diferente. Seria certamente muito melhor.
Agora é tempo de olhar em frente. A minha vida não se resume a isto. Eu tenho outros talentos. Gosto de cantar, por exemplo. Podia ser cantor. Sempre gostei de cantar no banho. O facto de ser sempre no banho de outras pessoas e não no meu pode ser um entrave…

Quem é que eu estou a enganar? O mais certo é que, a partir de agora, vá passar os meus sábados à noite a estimular-me eroticamente enquanto leio panfletos da Moviflor.
[RUI UNAS começa a tirar o casaco]
Não sei o que dizer mais. Ainda é tudo muito recente, tudo muito a quente, é difícil encontrar as palavras certas para exprimir o que sinto. Posso dizer que me sinto confuso e mal aproveitado. Confuso como um camelo num aquário, e mal aproveitado como a vagina de uma freira.
[RUI UNAS veste um colete vermelho]
Fica pelo menos a certeza que não desistir. Eu vou ficar bem.
[RUI UNAS coloca na cabeça um boné vermelho a dizer “CAIS”]
Eu vou ficar bem…
[RUI UNAS pega num molho de revistas “CAIS” levanta-se e sai do plano, deixando a secretário vazia]

Fim.

Sem comentários: