Tenho dificuldades em afirmar-me, em ser mais assertivo, dizer o que penso, o que quero ou o que sinto. Para mim a auto-estima é como aquelas séries do Netflix, que toda a gente fala, e toda a gente viu, menos eu.
- Conheces Auto-estima?
- Ya, já ouvi falar, mas nunca vi.
- Epá, tens de ver. Ias adorar.
- É sobre o quê?
- Basicamente é sobre ti, acerca gostares de ti próprio, de achares valor em ti mesmo.
- OK, então é de Ficção Científica.
- Não, não. Tem a ver com confiança em ti mesmo e aceitares-te como ti alguém que merece ser feliz.
- Mas depois há um twist, não?
- Não, não. Vê e depois diz-me o que achaste.
Sento-me finalmente para ver e leio a descrição do Netflix:
“Auto-estima, uma mini-série sobre amor próprio, que era para ter sido lançada mais cedo, mas não foi, com medo da rejeição”.
“Auto-estima, a mini-série que é tudo aquilo que você quer que ela seja, porque anseia por validação externa.”
“Auto-estima, a mini-série tão insegura das suas capacidades que não tem sequer um trailer.”
“Auto-estima, a mini-série com tremendas flutuações de humor, que não aborda nenhum assunto, pois evita o confronto.”
“Auto-estima, a mini-série cuja dependência extrema dos seus espectadores afastou aqueles que até gostavam dela.”
“Auto-estima: cancelada.”
E depois nas sugestões surge ainda:
“Se perdeu a série Auto-estima, não perca o seu spin-off Capitão Passivo-Agressivo: o super-herói com poderes de bipolaridade e que combate o crime mandando indirectas as quais ninguém tem a certeza quem é o verdadeiro alvo."
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